25 de outubro de 2024

Mesmo antes da implementação das novas regras para financiamentos imobiliários, prevista para 1º de novembro, os recursos já estão mais escassos na Caixa Econômica Federal. Contratos que aguardavam a liberação de crédito estão parados, alguns há mais de 50 dias, conforme relatado por correspondentes bancários e pela Folha de S.Paulo.

As novas diretrizes vão limitar o valor do imóvel financiado pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) a R$ 1,5 milhão, além de reduzir a cota de financiamento e exigir uma entrada maior. Pelo Sistema de Amortização Constante (SAC), o financiamento cairá de 80% para 70%, enquanto pela Tabela Price será de apenas 50%, em comparação aos 70% anteriores.

O Impacto no Bolso dos Compradores

Com as novas regras, o comprador precisará dar uma entrada maior no imóvel. No sistema SAC, a entrada sobe de 20% para 30%, e no sistema Price chega a 50% do valor do imóvel. Essa mudança ocorre em meio a um cenário de retirada constante de recursos da poupança, que tem afetado a disponibilidade de crédito.

Escassez de Recursos e Aumento dos Juros

Com a redução na participação da poupança na reserva para empréstimos — que já respondeu por 70% do crédito imobiliário e agora representa apenas 34% — e a alta na taxa Selic, os bancos privados também estão elevando os juros. Segundo Alberto Ajzental, coordenador do curso de negócios imobiliários da FGV, a escassez de recursos e os juros mais altos dificultam o acesso ao crédito para a casa própria.

Perspectivas de Financiamento e Demanda Crescente

Especialistas sugerem que os recursos para crédito imobiliário precisem vir de fundos de investimento, dada a alta inadimplência no setor, o que reduz o interesse de grandes investidores. Pedro Afonso Gomes, presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), alerta que esse contexto pode tornar o crédito ainda mais caro para os consumidores.

Nos últimos anos, a Caixa viu uma alta demanda por crédito imobiliário. Entre 2014 e 2024, o valor total emprestado pelo banco cresceu 40,6%, chegando a R$ 169,24 bilhões. Com uma carteira de crédito habitacional de R$ 800 bilhões e cerca de 7 milhões de contratos ativos, a Caixa segue como o maior financiador de imóveis no país, detendo 68% do mercado.

Em 2024, a Caixa já concedeu R$ 175 bilhões em crédito habitacional até setembro, um aumento de 28,6% em relação a 2023. Os financiamentos com recursos da poupança (SBPE) representam 48,3% do mercado, totalizando R$ 63,5 bilhões em operações neste ano. A instituição informou que, com o crescimento da demanda, sua carteira de crédito habitacional deve superar o orçamento projetado para 2024.

(Créditos: Informações retiradas de Anna França ao InfoMoney)

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